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Nossa aventura em Rennes
quarta-feira, outubro 06, 2004
 
E continuando com as novidades...

Bom, agora nossa vida esta entrando nos eixos direitinho. A “folie de la rentré” passou e a rotina ta chegando. Uma rotina ainda meio tumultuada é bem verdade, mas rotina. Eu ainda enrolada com o relatório e o pedido de renovação. O Fred tentando conciliar tudo em Villejean (é o nome do campus). As aulas do Cirefe vão de vento em poupa... E estão dando trabalho. A cena mais comum atualmente é ver o Fred “atracado” com o trabalho de literatura (um livro em francês do séc. XIX). A cena é sempre o Fred, o livro, dois dicionários e uma super lista de vocabulário.... hehehehe!!!! Mas ele continua empolgado. Difícil estar sendo conciliar com as aulas da Educação.

Falando nessas novas aulas, elas começam essa semana. Alguns estão batendo com o Cirefe e esta sendo uma luta pra tentar ajeitar os dois cursos. Mas o pior não é isso!!! O que tem deixado o Fred estressado (e eu assino embaixo) é a bagunça generalizada da Universidade e um outro probleminha que pode ser cultural, mas pra gente (reconhecendo toda a nossa inabilidade a lidar com isso) parece uma tremenda falta de respeito com os estudantes. Parece que as pessoas estão fazendo um enorme favor em dar informações, em dar as aulas... Ajudar com esses probleminhas do Fred, é ate pedir demais. Imagina que outro dia, o Fred tentando falar com um Prof pra discutir um negocio da matricula e descobre a seguinte plaquinha: Alunos vocês são proibidos de estar aqui (detalhe: era o corredor que dava acesso as salas dos Profs!), mas como vcs tem que entregar seus trabalhos, deixem-os nesse escaninho! Pra mim, que fiz meu curso batendo papo e tomando cerveja com meus profs... Poxa... So me resta lamentar muito pelos alunos daqui e agradecer aos meus profs!!! Além disso, tem que pedir pra ir no banheiro, professor fica de bico se chega atrasado ou falta aula, tem que escrever trabalho a mão e com margem grande (pra provar que não se esta economizando papel com o prof!!! ISSO E LITERALMENTE VERDADE)... Enfim, grandes, grandes diferenças culturais.

Bom, esperamos em breve que a vida acadêmica do Fred esteja resolvida (pro bem de todos, pq agora ele deu pra apertar os dentes tb!!!!).

No mais, como já contei pra alguns, nos estamos envolvidos com duas associações franco brasileiras. A idéia é a promover o Brasil, a nossa cultura, nosso povo, e pq não nosso “negócios” (nossos no sentido de brasileiros, não pessoais) aqui na França. Como 2005 é o ano no BR na FR estamos pensando e escrevendo os projetos. Tomara que dêem certo, pq as idéias são bem legais!!!! (depois eu conto dos resultados). Além disso, a gente ta dando uma (uma não, quatro) mãos pra uma outra associação. Essa faz suco de maçã pra vender e assim mandar uma grana pra um projeto social em Jussaral (distrito do Cabo, PE). Agora estamos em plena época de “mãos a obra”. Já fomos reciclar as garrafas. Depois vamos, lavar as garrafas, colher as maçãs e fazer o suco. AS pessoas envolvidas são umas fofas e assim a experiência esta sendo deliciosa!!!


Garrafas e mais Garrafas

Bom, acho que é so!!! Dessa vez não acumulei tanta coisa pra contar... AH, quase ia esquecendo... O outono chegou, as folhinhas estão todas coloridas, o friozinho ta vindo, e eu estou enfim tentando aprender a andar decentemente de bike!!! Com direito a diversos micos, tem sido divertidíssimo.

Ah, também fomos passear de barco no golfo de Morbihan. Foi o DAny, marido da Nancy, que organizou tudo. O grupo tinha umas 30 pessoas... Franceses e brasileiros. Teve passeio nas ilhas, Sara no violão, violão no barco (pra vergonha absoluta dos adolescentes presentes), piquenique... Enfim, foi um domingo bem legal!!!

Agora é o fim mesmo!!!
Muitos beijos,

Ingrid e Fred

terça-feira, outubro 05, 2004
 
E passada as Ferias...

Passadas as ferias, voltamos pra nossa vida, a essa altura ainda meio bagunçada em Rennes. Depois de chegar em casa, lavar roupa, pagar contas, fazer faxina, etc, etc,etc... eu fui pra faculdade tentar resolver as coisas que ficaram pendentes pois “so depois das ferias...” e o Fred foi terminar de resolver a papelada dele – isso significa ir a mil e um órgãos públicos, tirar centenas de copias e enfrentar horas de fila (serviço publico aqui, as vezes faz ter saudades do BR e outras faz a gente se sentir “bem em casa”). Nessa primeira semana de “coisinhas” pra por no lugar a gente descobriu o que quer dizer “l’humor de la rentré”. Qdo estávamos chegando em Rennes, vindos de Madrid, vimos um out-door que achamos completamente “no sense”. Depois, dessa semaninha tudo fez sentido. No out door tinha uma foto de dois caras discutindo e em baixo estava escrito “l’humor de la rentré”. E so! Nenhuma marca, nenhum produto a venda. Qual a função de um out doors desses? Hoje acho que é uma utilidade publica. E um aviso (muito útil) aos gringos desavisados como nos que “as ferias terminaram, o verão terminara em breve e o inverno vai chegar...”, então: apertem os cintos (bem apertados, diga-se de passagem) e bem vindos a “rentré”.
Confesso, descobrir essa tal “rentré” foi um experiência sócio-psicologica. Entre uma crise de mal humor e outra, a gente deu muita risada (e uns gritinhos tb, né!). Isso tb rendeu enormes conversas sobre o “français” way of life. Um coisa é verdade: qdo eu cheguei aqui estava frio pra carambra, era inverno ainda, o dia era curto, chovia todo dia, mas a primavera estava próxima. As pessoas estavam mais leves, mais simpáticas, planejando comer no terraço e ir fazer piquenique...Parecia um abre alas dos dias ensolarados e longos. Agora, acho que estamos em pleno abre alas das nuvens cinzas e dos dias curtos... Que alias, acho que já estão afetando até o meu humor – como é duro me levantar no escuro. Por outro lado, não da pra negar que é impressionante ver a cidade fervendo. Gente chegando. Carros lotados de mudanças. Nova temporada de teatro, novos cursos, muitas, muitas festas e muito agito pra todos os lados. Isso é super legal. Desde junho o mundo tinha um certo ar de “stand by”. Sabe as nossas promessas de fim de ano (fazer ginástica, começar o regime, enfim procurar realizar aquele sonho, etc...). Bom, pra eles, a época disso é agora. Muito legal e muito estranho ver um ano mudar (eles falam em ano novo) sem ter mudado.
Pois bem, entre sustos e risadas, sobrevivemos a “rentré”. E obviamente, estamos tb em plena “rentré”. Isso significa que é a hora de muitas coisas acontecerem. E nisso tudo o Fred esta cheio de novidades – muitas coisas aconteceram pra ele mesmo. E como ele esta brigando pra se entender com tanta novidade, com tanta nova atividade, sou eu mesma que vou contar as novidades dele. Perdão por não poder cumprir essa missão com a mesma competência que ele faria, mas juro que vou me esforçar. Bom, vamos as tais novidades.
- Semana passada o Fred foi fazer a prova de nível do curso de francês do CIREFE. Pra quem ainda não entendeu direito o que esse curso, é o seguinte: na universade de Rennes 2 (que chamamos de Villejean, pq esse é o nome do campus) tem um centro de estudo da língua francesa pra estrangeiros, o CIREFE. Este centro oferece dois tipos de curso. Um é normalzinho, com duas aulas de duas horas cada por semana. Esse eu deverei fazer. O outro é bem intensivo e tem status de graduação. Esse é o curso que o Fred vai fazer. São 15h de aula por semana, e no final, se tudo der certo, ele poderá dar aulas de francês, caso queira. Isso pq ao fim do curso ele deve prestar o DALF (um certificado de estudos avançados da língua francesa) que é reconhecido no mundo todo. Bom, ele fez a tal prova e dias depois soube o resultado. Um susto enorme pra ele (e eu fiquei toda “boba”, embora tb meio assustada, confesso). Ele ficou no penúltimo nível. Isso quer dizer que em junho próximo ele deve estar prestando o tal DALF. Como eu disse o susto foi grande. Ele inclusive pensou em pedir pra baixar de nível, mas decidiu aceitar o desafio e ver como a banda toca (fiquei orgulhosa de novo... rsssssss). Essa semana ele começou as aulas, que tem realmente cara de curso de faculdade. São 7 disciplinas diferentes, das quais umas são obrigatórias (como compreensão oral, expressão oral, sintaxe, etc...) e outras são optativas. Dentre uma lista das oferecidas ele escolheu historia da FR nos séc. XIX e XX, literatura francesa séc. XIX e XX, economia francesa (obvio!!!) e.... desculpem não lembro mais. Além disso, ele vai fazer parte do grupo de teatro do CIREFE. Ele anda empolgadissimo com todas essas possibilidades e com o desafio... embora ainda esteja meio assustadinho! A ultima semana foi o momento “rentré” dele... mas confesso que compreendo. Eu estaria meio apavoradinha tb!

- Se isso já não fosse bastante e bem legal, sábado o Fred recebeu a resposta dos dois mestrados aos quais ele tinha se inscrito. Um era na psicologia, relacionado a RH mesmo, e nesse ele punha “mais fé” por causa da experiência na Cargill. O outro era nas ciências da educação, e era o que ele relamente queria. Bom, o da psico não deu certo. Veio a cartinha padrão de “infelizmente não pudemos aceitar a sua inscrição, patati, patata”. O Fred ficou meio frustrado tanto com a recusa qto com a falta de explicação – mas isso preciosismos e tb foi aquela frustaçãozinha rápida, pq a gente sabe como funiconam as coisas, né! Por outro lado, uma ótima surpresa com o da educação. Não aceitaram a candidatura dele para o mestrado, mas permitiram que ele faça o ultimo ano da licenciatura em educação. Considerando que esse era o mais dificl, que para os franceses é meio inaceitável uma mudança tão brusca de rumo profissional, que os critérios de inscrição eram super rígidos (inclusive era obrigatório a licencitautra em educação) e tb que o Fred esta muito mais interessado na formação que no titulo, essa foi uma super vitória. Ele esta radiante (e eu mais uma vez orgulhosa... olha que babona!!!) e morrendo de medo. O medo de nada dar certo no inicio se transformou num medo de “sera que eu dou conta?”. Bom, isso so o tempo dirá. Hoje ele ia tentar descobrir as informações do curso (carga horária, disciplinas, etc) pra ver se é possível conciliar os dois. Pelo menos no inicio, ele vai tentar... Depois, analisando o “andar da carruagem” ele escolhe uma prioridade. Pelo menos, o calendário dos dois cursos é defasado (tem ferias desencontradas) o que pode ajudar a concilia-los. Agora, o moço esta com muitas, muitas coisas pra fazer! Ainda esta com o “friozinho na barriga”, mas esta com um super gás... O resultado disso ficara nas cenas dos próximos capítulos.


Pra terminar, ainda faltam alguns detalhizinhos das nossas vidas. Pra variar, estamos em “guerrinha” com a nossa imobiliária. Depois da ducha, do interfone e do telhado caindo, recebemos uma fatura de 22 euros pra pagar pq colocaram meu nome no interfone do lado de fora. O problema é que qdo eu vim morar aqui a senhora que me deu as chaves e mostrou o prédio “explicou” essa mudança como algo padrão. Disse pra falar com o zelador e ele trocaria o nome. Falei realmente com ele, mas em nenhum momento ninguém me disse que seria “um serviço a ser contratado”, que eu tinha a opção de não troca-lo, que eu teria que pagar ou me apresentou um orçamento. Pois bem, estamos em plena discussão. É duro. As vezes cansa pra caramba ficar brigando com o mundo inteiro, mas o tanto que essas coisas acontecem conosco parece que é uma missão. Tb achamos um abuso e odiamos esses pequenos “mal entendidos” que vão tirando vantagem aqui e ali. Pois bem, mais uma pequena batalha. Pelo menos no que diz respeito a melhorar o frances e tomar contato com a sociedade francesa, essas experiências são bem úteis... rsss

E por fim, duas noticias super agradáveis. O outono esta chegando (alias, chega amanhã -quarta) e a cidade esta mudando de cara. As arvores estão todas mudando de cor e esta ficando lindo. O friozinho tb esta chegando (temperaturas entre 15 e 20 durante o dia) e a parte chata, a chuva esta voltando (se bem que é verdade que tivemos o verão mais chuvoso dos últimos sei-la-qtos-anos... Sorte de principiantes!!!! Hehehe). E a segunda novidade é que ontem (domingo) ajudamos uns amigos (o casal franco brasileiro super legal, super engajado, que ajuda Jussaral (PE), que faz a feijoada, etc, etc,etc) na organização de uma maratona contra o câncer. Ficamos eu e o Fred (além de diversos outros amigos) fazendo a segurança do transito dos corredores. Por sorte, fez um dia lindo (super sol) e foi uma experiência super gostoso. Na próxima semana, vamos com alguns desses amigos conhecer o Golfo de Morbiham de barco. E os fins de semana subseqüente, vamos colher maçãs com esse casal da maratona, pra fazermos suco de maçã, o qual é vendido e tem a renda revertida pra uma creche em Jussaral.

Bom, o resumão foi longo, mas acho que consegui por tudo em dia. Prometo tentar não acumular tanto assunto, pra não ficar tão cansativo... mas como deu pra ver, nossa vida esta super agitada. E o melhor de tudo, super legal. Acho que estamos curtindo bem direitinho a nossa vidinha, não acham?!!!

Beijos, beijos, beijos....
Muitas saudades de todo mundo!

Ingrid e Fred

 
Oi! Ola!
Oiiiii Todo Mundo!


Faz um tempo enoooooorrrrrme que a gente não manda noticias, que a gente não atualiza o blogger. Não, nem de longe é falta de saudades, tb não é falta de noticias. Pelo contrario. A vida dessas bandas de cá tem sido super intensa e por isso tem faltado tempo pra fazer diversas coisas. Através dos emails de um jeito ou de outro a gente tem contado um pouco as novidades, mas depois das ferias e da famosa “rentré”, confesso tem um bocado de coisa pra contar. Na verdade, é justamente por isso que estamos tão atrasados com as noticias: a procura eterna por um “bom” pedaço de tempo (como dizem os franceses) pra sentar e por todo o papo em dia. Desisti!!! Vou tentar fazer um resumão... Certeza que vão faltar vários detalhes, muitos “episódios” que no momento em que aconteceram a gente disse “Nossa, isso não pode deixar de ir pro blogger”... Que pena!!! A vontade de compartilhar tudo ta enorme, mas já vi que não vai rolar mesmo. Bom, vamos ao resumo.

O começo de tudo foi a volta do Fred do BR, devidamente “emvisado” e o começo das ferias. Tanta coisa já aconteceu desde lá, que elas parecem estar super longe. Mas vamos as ferias: Meados de agosto saímos de Rennes, rumo a Madrid (no busunga da Eurolines), eu, o Fred e a Sara (pra quem ainda não localizou quem é a Sara: ela é uma das brasileiras que faz Dr sanduíche aqui em Rennes). Primeira impressão da viagem: o povo aqui manja muito de viagem de trem, mas não tem o menor “know how” com os busungos. Pra começar, o ônibus saiu um pouquinho antes hora. O motorista, super perdido pq só falava espanhol, fumava dentro do ônibus. Na parada pra abastecer, os dois motoristas abasteceram o tanque fumando e com motor ligado. E já perto de Madrid, uma troca de ônibus pra lá de atrapalhada em Burgos – nesse local, vários ônibus se juntaram pra redirecionar as pessoas de acordo com suas destinações. Detalhe: ninguém sabia que ônibus ia pra onde, qual ônibus devíamos pegar, etc, etc, etc! Entre crises de risos e umas carreiras com mochilas nas costas, achamos o ônibus, e dezesseis horas depois de partir, chegamos em Madrid.

Em Madrid, uns trabalhinhos pra encontrar o hotel – que na verdade ficava em Mostoles, cidade dormitório da grande Madrid. Alias, isso merece um parêntese: “Mostoles é o que ha!”. Esse slogan surgiu durante a viagem. Como é periferia, sem pontos turísticos, cidade dormitório, etc... Jamais conheceríamos Mosteles se não fosse nosso amigo de viagens, o hotel Formule 1. Mas, tivemos a sorte de ir parar lá e descobrir que Mostoles é uma gracinha. Região operaria de Madrid é super bem cuidada, tem vida própria (bem simpática a propósito!), tem gente na rua até tarde e tem botecos super agradáveis. Novo padrão de referência: isso é uma coisa Mostoles!

Deixada a crise de paixonite pelo subúrbio simpático, real e de viés. Dessa vez, curti mais Madrid. Não que da outra vez tivesse achado ruim, mas acho que os ares do verão deram uma cara especial (atenção especial brasileiramente falando. Aqui, especial é um jeito educado de dizer chato, cabuloso, maleta, etc). Em Madrid, um calor danado, um solão, um céu azul lindo de morrer e uma crise de “bretonismo” da Sara (ela entrou em pânico pq fazia quatro dias que não tinham nuvens no céu). Reina Sofia e todos os seus deleites, Museo Del Prado, e ainda muitos, muitos Km a pé. Calos nos pé, dois dias e já mortos e uns botequinhos maravilhosos. Pra quem esta ai no BR, essa estória dos botecos pode parecer besteira, mas depois de 6 meses pra mim e 9 pra Sara... Ô coisa boa sentar (ou meter o cotovelo no balcão) de um bom botequinho!!!! Aqui na FR, só tem “Café” (cerveja quente e sem petiscos). Mas como é bom “botecar”.


Correio central de Madrid


Nos, na pracinha do lado do Prado.

Alias, essa estória de boteco e de Mostoles ser real e de viés, levou a uma grande reflexão: essa viagem foi uma viagem de encontro a nos mesmos! As origens! Aos pequenos prazeres que só estando longe é que a gente descobre o quanto é bom. Foi um se descobrir “ibérico” além de latino. Como diz no Asterix na Hispania, os franceses vão pra Espanha “despaisar” (isso sacaneando os franceses que viajam com seus estoques de javalis, camamberts e “vinhos decentes”). Nos fomos “repaisar”! E fizemos isso num crescente – Espanha, Norte de Portugal e enfim Sul de Portugal – de onde saíram os colonizadores, onde até no gerúndio as pessoas falam. Depois, Espanha e, confesso (é feio, mas tenho que confessar), uma dura “rentré” na FR. Bom, a vigem foi deliciosa. As raízes ficaram latentes. Um reconhecimento enorme. Um entendimento do modo de agir das pessoas na rua que faz a gente se sentir em casa... Mas obvio, a consciência que isso é Europa. Uma Europa que faz mais sentido pra gente, mas Europa.

Bom, seguindo a viagem, encontramos com Suzana e Wilson e viramos uma gang de brasileiros na estrada. Com eles, e no fim já com o carro alugado (olha só!!! Mochilada alto nível!) fomos pra Toledo, Ávila e Segovia. Em Toledo, um calor senegalês, como diria meu pai – eu mudei os parâmetros no fim da viagem, e diria calor sevilhano. Mas a cidade, linda de morrer. Alias, três cidades apaixonantes e impressionantes. Cada uma bem particular. Toledo, imponente, alta, esguia, sentada majestosamente sobre um morro. Em baixo dele (e dela) o Tejo, a essa altura, pouco mais de um riacho que se chama Tajo. Segovia é única, com paredes desenhas, não tem acara de guerreira de Toledo, é mais “chique”. Ávila, das três, é a mais despretensiosa. Chegou até a parecer que ia decepciona, mas descobrimos os bequinhos perdidos quase encostados ao muro. Era quase Minas – ou um filme mexicano. Igrejinha “fantasiada” pra festa, casinha branca de porta azul, parreira passando de uma casa pra outra, pedaços de colina por defeitos da muralha. Dois dias inesquecíveis!!!


Estação de trem de Toledo


Fred, Sara, Suzana e Wilson na Igrejinha de San Esteban - dia de festa (Avila)


Fim de tarde em Segovia... Vendo a cidade a partir do Alcazar.

Terceiro dia: tchau Mostoles. Confesso, todos tínhamos um certo ar melancólico em deixar Mostoles. Afinal, Mostoles é o que ha! Uma parada pra comer em Salamanca. Depois do almoço (é verdade que enfiamos o pé na jaca nessa viagem: restaurante era bem mais barato e como eram bons!), uma “voltita” na Plaza Mayor e na catedral e pé na estrada. Fim da tarde, já estávamos em Aveiro. Essa ainda mais ajeitadinha do que encontrei da ultima vez. Falamos com Filo pelo telefone, e ficamos esperando ela tomando cerveja gelada (Isso é importante: GELADA. Aqui na França é fresquinha) no mercado de peixe, que tem uma baita cara de Recife Antigo.

Portugal é bem mais fresquinho que a Espanha. Tb ñ precisa dizer que a gente estava ainda mais em casa. Lá pelas tantas, chega Filo, como sempre agitadíssima e divertidíssima. – Filo, não da nem pra falar!!!! Que delicia esses dias na sua casa. Alem de super aconchegante e carinhoso, é sempre divertidíssimo e... poxa! Deu branco na palavra... mas é algo enriquecedor... um passeio pela alma humana! Alem de engordativos! Nunca comi tantos ovos moles na vida!!! Ah, o Fred e a Sara aderiram aos ovos moles e as suas variantes!Delicias que estão me acompanhando até hoje – saldo da viagem 3 kilinhos!

Bom, em Portugal, alem dos papos com a Filo, das delicias gastronômicas (único pecado é servir bolinho de bacalhau frio), das raízes ainda mais latentes, de diversas discussões sobre quem “qual a nossa relação com isso tudo” e de algumas perguntas sem respostas, como quem era Cabral (ninguém fala dele em lugar nenhum lá), qual eram o nome das 13 naus de Cabral, porque a gente aprende os nomes das naus de Colombo na escola, mas ninguém sabe os das de Cabral, de onde vem à cruz de malta, etc, etc, etc... Conhecemos o Porto (debaixo de chuva), Obidos, tentamos Nazaré (mas estava insuportavelmente lotada), Sintra, Lisboa e Évora. Foi corrido, mas foi delicioso!

Cada um de nos teve uma experiência única e pessoal. Eu me apaixonei por Obidos, que é um vilarejo murado, todo colorido, cheio de Flamboyants... enfim, foi paixão. A Sara, cosmopolita e notívaga, amou o Porto. (Alias: Filo, valeu pelo passeio, fora do roteiro, na livraria Lelo! É uma obra de arte... recomendo pra que for lá!). E o Fred teve uma regressão a suas vidas passadas em Évora. Fácil de entender! Évora é Minas. Casas de fazenda caiadas pra tudo que é lado. Um jeito de Minas. Um ritmo de Minas. Só o calor que era sevilhano. Ah, em Évora, tivemos direito a um boteco no meio da praça com piano, cantores tradicionais, e todos os velhinhos da cidade (não eram turistas!!!!!) sentados nas cadeirinhas pra ver o show. Évora foi o momento relax da viagem... Fácil entender pq o Fred se identificou, né?!


Uma vista do Porto (so pelos olhos do Fred), do alto dos Clerigos.


Não da pra ver muito de Obidos, mas pelas caras de Fred, Filo e Sara da pra sentir que delicia que é la, não?


Lisboa, vista da Alfama.

Depois de Évora, foi a hora do bye bye Portugal e do nosso momento de “despaisar”. Se na ida foi um degradé rumo ao conhecido, sair de Évora foi iniciar ao movimento inverso. Foi um momento difícil pra gente, é bem verdade! Mas, voila! Era a hora. A essa altura, já estávamos bem cansados, e acredito, que essa coisa de começar a voltar deu uma baqueadinha. De Évora, fomos pra Sevilha. Tudo que eu amei Sevilha da primeira vez, fiquei meio decepcionada agora. Descobrir a tal expressão do calor sevilhano – só vi algo parecido nas minhas poucas incursões no alto sertão nordestino. Isso deu uma crise de mau humor generalizada. Tudo tb estava caro pra caramba. Não conseguimos comer bem (alias, no primeiro dia, quase não conseguimos comer!), mas achamos um hotelzinho bem simpático, apesar a pergunta pra lá de esquisita do dono qdo perguntamos de tinha um quarto triplo (mas, vcs querem das 3 camas juntas?) e com ar condicionador (em Sevilha, gênero de primeira necessidade essa época do ano).À noite fomos num show de dança flamenca bem legal (e não muito caro). É, a passagem por Sevilha não foi essa maravilha, mas valeu! Não da pra negar que é linda!!!

De Sevilha pra Granada – ultima parada da viagem e ja sem espaço na maquina. Outra grande paixão na primeira ida, outra decepção dessa vez. O nosso guia sabiamente adverte: evite a Andaluzia no verão. Isso pq lá em Granada, fomos direto para “Alhambra” – a essa altura a gente já estava no turismo padrão. Não agüentávamos mais grandes incursões e aventuras... Se bem que é difícil evitar as tais aventuras... rssssss! Bom, chegamos na Alhambra às 3 da tarde. Os bilhetes de entrada estavam esgotados, embora tenhamos ouvidos funcionários dizendo que estava meio vazio lá dentro (era a máfia da agencias de turismo, como sempre!). Bom, compramos um bilhete pros jardins (5 euros, mas valeu) e decidimos tentar a visita noturna (que era das 10 às 11h, mas a fila começava às 8h). Cansados, irritados com a desorganização, nos sentindo meio roubados (tivemos que pagar mais 10 euros à noite, apesar de terem nos avisado que pagaríamos só 5 por causa do bilhete dos jardins) e tendo defender com unhas e dentes nossos lugares na fila (franceses despaisando ficam muito chatos... e furam fila!) e pra terminar, uma baita raiva pq não tinha iluminação dentro do palácio. No fim, perdemos o carro no estacionamento e já estávamos nos preparando pra ir pra delegacia, qdo o encontramos. O dia não foi exatamente o esperado, mas a Alhambra é fantástica! Não da pra dizer pra alguém não ir lá pela desorganização. Mas se puderem, evitem o verão.

De Granada, retorno a Madrid, pra devolver o carro e pegar o busungo pra Rennes. Antes disso, uma parada casual pra almoça numa cidadela que, descobrimos, era uma das passagens de Dom Quixote. Em plena siesta, a cidade era fantasma. Essa sem duvidas parecia um filme mexicano. Mas, como nos três somos apaixonados pelo dito cujo (correção, o Fred é fã do Sancho), foi super legal. Ultima tarde de calor sevilhano, ultimo almoço em restaurante (bem gostoso), carro devolvido e novamente as voltas com as bagunças da Eurolines. Outra pequena guerra pra descobrir qual era o ônibus, mais uma vez não marcado – pobres franceses...A gente pelo menos entedia o que os madrilenos falavam – mais 16 horas no ônibus e enfim, Rennes. E a descoberta da “rentré”. Fim de ferias... E retomada da vida a la francesa!

Antes de mudar de tema, nosso momento Veja, com algumas perolas dessa viagem:

1- Situação: Eu, Sara e Fred no primeiro supermercado de Madrid. A Sara pergunta ao Fred, nosso interprete, como se diz “refrigerante” em espanhol porque ela não encontrava a Coca Cola. O Fred vira-se pra ela e diz “gaseosa”. Lá vai a Sara e pergunta ao moço do supermercado onde ficavam as “gaseosas”. Ele a puxa até um corredor cheio de águas aromatizadas, meio esquisitinhas... Ai, a Sara com cara de “ué”: “senhor, só tem essas?” “Sim, só tem essas”. Sara: “mas não tem algo assim, como coca cola?”. “Sim, claro que tem coca cola. Mas elas ficam lá do outro lado” Fred: “mas, não se chama gaseosa?” Homem apontando pra uma garrafa de água: “Isso se chama gaseosa”. E depois apontado pro outro lado: “aquilo, chama-se CO-CA CO-LA”.

2- Sara indo comprar bilhetes de metro para nos. Como ela não fala espanhol, foi falar Bem-pau-sa-da-men-te com o vendedor: “Senhor, por fa-vor, um carrrrrrnezinho de 10 vi-a-gens”. Detalhe, a Sara é do interior de SP. A frase inteira foi super ex-pli-ca-di-nha, mas ela soltou um carrrrrrrrnezinho, a la interiorrrrrrrrrrrrrrr. Matei até saudades de Sanca... E pobre do vendedor.

3- Sara tentando se comunicar em diversos pontos de informações turísticas da Espanha. Inicio do dialogo a Sara falando su-per ex-pli-ca-di-nho: “Bom Dia! Desculpe, mas não falo espanhol! Mas posso falar português assim... devagar?” Pessoa: “Não. Não lhe compreendo”. Sara: "Mesmo se eu falar lento? É apenas uma informação?” Pessoa: “desculpe senhora, não lhe compreendo”. Sara, já falando em ritmo normal: “Tudo bem... mas vc tem um mapa da cidade? Tem uma lista de hotéis? Sabe como funciona” isso e aquilo? E como eu chego em...?” Pessoa: Tranqüilamente lhe dava todas as respostas.

4- Um momento de felicidade. Em Obidos, entrei num restaurante pra comprar uma água. Uma moça me deu a garrafa e eu fui lhe pagar. Ela me diz: “Desculpe, senhora. Eu não recebo dinheiro, pq eu sirvo a comida! Quem mexe com dinheiro é aquela senhora ali à frente”. Depois de seis meses de FR, de pão desembrulhado, de tudo servido com a mão, de comida posta no balcão diretamente pra se comer em seguida, de fruta sem lavar isso foi realmente um momento de felicidade... Muita coisa mudou na FR. Higiene principalmente...Mas ainda não chegaram nesse nível!

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